sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Moribunde


Sombrio era o cheiro de gás de cozinha, 01:31 da madrugada, brasileiros dormiam cientes em suas confortáveis camas e ele lá, em pé, apenas com a cueca dourada, enfeitada com uma bela ereção. A gaveta era branca, e o puxador maciço. Tão reconfortante era o silêncio, e estridente era o latido dos cachorros próximos. O ódio percorria suas veias, o rancor fluía, gotas de suor percorriam seu rosto delicado e simétrico, os dentes rangiam, a sensibilidade interior gritava, prestes a explodir.

Os fatos eram implícitos na memória, recuava todas as lembranças cruéis de um dia difícil e decepções sarcásticas, caçoado ele era. Sua aparência pálida, decidido a seguir em frente, descartando o cansaço e a falta de inspiração para criar uma morte objetiva que seja decorada a mídia como algo inovador, (sempre foi seu sonho, não apenas morrer por morrer) aquela dor que pulsava se tornava impossível de agüentar.

O suicídio, mais uma forma de fugir dos problemas e arrancar aquela dor, mas o problema era não apenas arrancar a dor, mas sim a vida, fato! Ótimo, sua vida era a dor, considerando os fatos não tinha o que perder. Ainda em pé e aquela ereção sem motivação continuava lá, firme, incomodado o rapaz que estava prestes a ter seu sangue espalhado por todo laminado verniz.

Mas que coincidência, era um fato bizarro, seu pênis apontava para a gaveta cheia de objetos cortantes que com certeza não ajudariam a prolongar uma vida, pensa ele "quem sabe seja um sinal corte alguma veia fatal e morra!".

Ele abre a gaveta e lá ele vê todos os talheres perfeitamente arrumados, como sua fixação por limpeza e organização, sua mão se direciona para as facas á direita, mas a da fileira do meio uma voz grita pelo seu nome. Assustado, uma ilusão? É claro, mas naquele estado a última coisa seria perceber o desequilíbrio que se encontrava.

Na fileira do meio ficavam as colheres, o rapaz pega duas colheres na mão, brilhantes, que material era aquele não importava, seu reflexo fosco contratava entre o cabo e sua mão, a colher pergunta:
- Seria um caso lógico entre o ódio momentâneo, levando a covardia fatal não levar seus sonhos a diante?
Era de se assustar, mas a insanidade do moço ainda ia longe e o diálogo aí começava:
- Meu vício e meu orgulho acabam de ser pisoteado, traído, mal feito e minha vida está começando a desmoronar nesse momento, vocês me questionam se devo ou não fazer? È claro que a decisão está feita, fazendo o favor das meninas voltarem aos seu lugar e me deixar morrer em paz ao mínimo com o talher certo?
- Que entojação! Hipócrita, imbecil, medíocre! Morra! Coloque-me no lugar e morra então se é este o seu desejo, sua proteção ás palavras alheias em fim acabou? Bem vindo ao mundo meu amigo! Lembraremos da nossa infância, a vida de uma colher é sofrida e muito prolongada, agora veja bem, o senhor apenas não tem as coisas em total eixo, então se esse é motivo pra acabar com sonhos e amores, vá em frente.
O sarcasmo da colher afastou o nevoeiro do desejo pela morte, e ele começou a pensar, enfim, não é esse o fim que sempre desejou. Seu sonho era morrer com classe, elegância, se destacando entre os outros, o terceiro ano estava no fim e uma nova etapa de vida começava.

Aquela conversa inebriante com seu sub-consciente acabara de salvar suas vidas a a lição pra si mesmo era simplesmente pensar e pensar sempre antes de agira á qualquer coisa.

O rapaz coloca os talheres de volta no lugar, aquele curto diálogo com as colheres o fez se sentir bem, proporcionava a si mesmo um belo sorriso em seu rosto, sabia ele como tudo podia ser diferente, bastava a ele impor e correr atrás do que era necessário. Ele fecha a gaveta, desliga o gás e se senta ao chão. Mas que surpresa, aquela ereção continuava lá! Ele tira sua cueca, liberando toda a sua excitação, se masturba prolongadamente, expelindo o melhor orgasmo da sua vida.


AHH *-------* e ganhei este selo da Bem resolvida, obrigado obrigado!

*Conceito: Esse Mimo são para aqueles editores de blog que tratam muito bem seus colegas, sejam iniciantes ou já antigos na blogosfera, são para os blogs que conquistam corações!
Repasso para: G. Sontachi, Biaah, Dantas e Tatah marley.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

As cores da noite

Cores, cores, cores! Tudo é tão colorido! Tudo é tão vivo! Tudo é tão alegre! Dizia a moça, eu gosto de vermelho. Vermelho me lembra sangue, eu gosto de sangue, também gosto de rosa, me lembra o doce aroma de flores. Inesperadamente aparece na frente dela aquele travesti de uns dois metros de altura, aquela bota de couro (saber se era couro mesmo), o cano percorria até o joelho, ela pensa "como será que aquele monumento consegue andar com aquilo?", sem falar da mini-saia dourada, ai sim era um luxo, cabelos negros, sexy!

Começa a conversa e o travesti pergunta:
- O que uma moça delicada e tão nova está fazendo em lugar como esse?
Era um espanto, será que aquele travesti estava afim da mocinha? Por que sabe, hoje em dia se espera tudo.
- Eu estou aqui porque sou lésbica, eu gosto de beijar garotas, e ao que penso vim ao lugar certo para pegar rachas! – Responde a moça constrangida.
Aquele travesti de meia idade não sabia bem o significado de rachas, sim, as gírias de hoje em dia mais vulgares, pensava, usando um pouco de malícia a palavra era decifrada.
- Enfim, você vem a uma festa de pederastas e espera o que? É claro que veio ao lugar certo. È a primeira vez que freqüenta esse lugar? Está sozinha? – Responde com um ar experiente.
Ou aquele travesti era super simpático(a) ou essa parte do "está sozinha" amedrontava a pobre mocinha.
A moça encara firme aquilo á sua frente:
- Vim com alguns amigos, mas todos já estão acompanhados. Minha primeira vez aqui, e estou excitada com todas essas garotas semi-nuas desfilando pelo palco.

Logicamente que não era acidentalmente que essa conversa se reconfortava com um fundo da Gloria Gaynor, advinha amiga, claro, I will survive! A menina estava encantada, extasiada com tudo aquilo, era anormal, um lugar em que ela era aceita, se encontrava no meio de pessoas que tinham a mesma escolha que ela. Ela se solta e vai á pista de dança com o travesti que praticamente dava duas dela e aquela musica era envolvente, e ela gritava alto a felicidade de estar naquele local. Tímida, mas naquele ponto, um pouco do álcool da bebida, a musica e conversa, parecia que ela freqüentava aquele local a vida inteira.

Gloria Gaynor acaba de se manifestar naquela zona, esqueci de mencionar? Era uma boite! Então, a menina volta lá com seus amigos, e claro, leva o travesti junto, eles sentam em uma harmoniosa rodinha e começam a comentar como tudo era tão divertido, e a musica era tão envolvente, acolhedor era aquele local!

Enfim, depois desta agitada noite, bebidas, travestis, drag queens, gays, lésbicas, onde tudo é aceito. Bandeiras do homossexualismo se espalhavam por todos os cantos, as luzes eram mega coloridas e claro que a moça pegou o número de telefone do gentil e acolhedor travesti, e o nome dele era Renata, ou Reginaldo, dependendo ao ponto de vista, eles vão para outro local, acreditando como a noite tinha sido maravilhosamente boa.

Então, viva as cores que a noite nos proporciona.

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Ganhei este selo do blog da Tatah Marley, agradeço muito.

E repasso para: Andreia , Peter e Beutiful Stranger

domingo, 24 de agosto de 2008

Nudez


Ao meu redor tudo parece ríspido e incolor, o reflexo da luz fluorescente nas paredes brancas arde os olhos, aquela musica ressoava pelo quarto, explorando cada um dos cantos com o maior interesse, seria tudo preto e branco a minha imaginação.
As pétalas da vida me diziam para sonhar e sonhar, o único lugar que encontramos o mundo perfeito, sem medos e preconceito.

Não buscarei os amores que eu não tenho, e quando tiver, nunca celebrarei. A leve brisa que atinge meu rosto sussurra que a chuva está próxima, o que eu mais quero é que chova e chova, MINHA MATÉRIA É O NADA.

O tic-tac do relógio regressa ao passado e eu me lembro de tudo, o que ficou pra trás, aquele barulho acrescenta um medo real, de tudo não acontecer de novo, eu quero viver!
Me sinto preso em círculos surreais. Algo disperso, e vago, é tudo tão estranho, recordações das más lembranças, quase tudo esquecido, volta á tona.

As coisas regressam e apascenta um novo brilho, criando uma cor azulada, quebrando o preto no branco. A realidade me chama, mas eu não consigo ouvir, ele me diz: "Vá devagar". Começo a diminuir o ritmo da fantasia e os ponteiros do relógio engrenam para trás meu corpo maleável e cansado deixa de ser nobre, tudo se extingue, maldita imaginação! Poderia eu arrancar meu cérebro fora ou não raciocinar mais pra não pensar na prosperidade do passado ou a exaustão que atinge meu presente e cria o medo do futuro?

Nem era dor aquilo que doía, segredos roubados lá do fundo, as coisas se tornam sóbrias, observando pela janela, eu sei que alguém se importa comigo, é um reconforto, sabendo que agora dói, ou tudo já se foi. Nesta bolha imensa que criei em torno de mim o silencio toma conta, não noto o rádio ligado e a musica tocando pela quarta vez no repeat.

Que sentimento é esse que me corrói? Não sei! Por que motivo estou assim? Não sei!
Por que eu fico assim? Será que alguém pode por compaixão me responder isso?
Me sinto nu em torno de tudo isso, ausente á moda, indefeso, qualquer um podem me atar, o medo dessa bolha estourar é imenso, mas eu sei que preciso acordar desse sonho.

Estarei esperando por alguém, não sei exatamente quem, tudo que a brisa me trouxe ela leva, o azulado some, minha rotina preta e branca volta ao normal, eu só queria me sentir vestido com a capacidade de enfrentar tudo e todos de frente, jamais cantarei o morto: ele é o próprio canto. Isso nem é a vida!

Será que é pedir muito para viver um pouco? Pular esse tempo e esse sentimento? Eu não queria estar nu aos olhos de todos, na verdade não estou, minha alma está transparente. Quanto mais tento fugir mais isso me persegue! Ó descoberta inútil.

Tudo se dissolve.
Que sentimento vive, e já prospera cavando em nós a terra necessária para se sepultar á moda austera de quem vive sua morte? Levanto da cama, e volto a sofrer.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Doce hipocrisia


Um vazio gélido recuava dentro do seu peito, a exaustão era extrema, a visão periférica era péssima, o capô do carro vermelho parecia sangue escoando em pequenas partículas ocultas, fazendo pequenos desenhos cadavéricos, a chuva ecoava no teto, a brisa gelada da noite permanecia intensa no seu rosto, o barulho de pneu de carros era alto, luzes embaçavam a atenção ao volante, as lágrimas caiam suavemente como seda na sua roupa encharcada, o desespero era extremo. Aquele paradoxo ambulante com os olhos ultraditalados criava um drama incesto, na situação criada por si próprio.

Sabia ele que sua estúpida covardia de assumir as conseqüências era mutilada pela sua hospitaleira nostalgia do medo. Certo que ele não tinha a obrigação de estar familiarizado com o acontecimento, mas não era necessário alcançar um ponto tão extremo, levando em consideração sua imaturidade e seu misterioso senso de preocupação com pessoas próximas, mas ele realmente a amava muito.

Tudo era tão bom, até o fato da violenta irresponsabilidade de uma noite tomar conta de uma vida, que aí em diante passa a ser uma tortura de nove meses, mais o "incomodo" (do seu ponto de vista) pardo até o fim. Kaboom! Uma bomba se alastra pela sua vida, seria o fim de seus sonhos, triste era o saber que sua carreira estava em jogo, sim era tudo que lhe importava, a um rapaz jovem, com tudo para dar certo.

Estranha melodia sussurrava no rádio, prendia a atenção, tocava ‘Beatles - Hey Jude’, música antiga, o baixo timbre trazia uma sensação de paz, mas a tentação de cair em um fiel soneto era intensa pois o que acabava de acontecer não era enfim um apoio de seguir em frente.

Após o prazer de uma noite calorosa de sexo, ele sabia que tudo estava dentro dos conformes, a virgindade de sua namorada de seis meses estava entregue em suas mãos, ao momento nenhuma prevenção foi notada, hipócrita era acreditar que a habitual "sementinha” não iria fecundar. Sim, estava grávida.

Dado a notícia, uma nuvem de ódio de si mesmo se alastrava. Dentro de um senso comum entre as duas partes o método escolhido então foi o aborto, confiantes que tudo ia dar certo dirigiram-se ambos para uma clinica ilegal. Suplantados na sala de espera, a ansiedade tomava conta do clima.

Chegou a vez, o aborto era feito em uma sala suja, desorganizada, sem higiene nenhuma, o ritual se inicia. O fluxo de sangue era extremo, nebulosos estavam os olhos da moça, seu rosto estava pálido, uma expressão fria e desorientada ao mesmo tempo pedia para parar. Um alto gemido é expelido, expressão de dor e uma morte.

Enjoado, irritado, sentindo nojo de si mesmo. Ele sabia que era uma abominação e um monstro. A musica acaba, e o desespero ao relembrar de tudo era um show psicodélico, cheio de torturas e mortes. Dirigir pela noite chuvosa sem rumo não era a solução. Ele para o carro, senta a beira da estrada, uma fera interior se alastrava, não havia mais lágrimas para serem derramadas, ele grita alto, olha uma foto dela em seu celular lembrando dos perfeitos momentos em harmonia que presenciaram juntos, tira do bolso um cigarro e acende, mas a chuva logo apaga. Atordoado e com muita dificuldade ele deita no ríspido e áspero asfalto e adormece com a brisa da chuva partindo seu rosto, enfim seu coração já estava partido mesmo, nada mais fazia sentido. Infantilidade? Imaturidade? Era o fim da vida de mais uma inocente moça que só queria ir em busca do amor acreditando que a vida é bela!

sábado, 16 de agosto de 2008

O fragmento desnorteado


Denotava-se a lucidez do momento o que estava prestes a acontecer. O ambiente era tão ameno e calmo, velas queimavam por toda parte, equivoca-se o seu reflexo nu nos espelhos que se encontravam por toda a parte, aquela cama macia, confortava ela intensamente, fazendo-a esquecer que aquilo era as covardes preliminares. Tudo contrastava roxo e vermelho, a música ao fundo tocava como ressoa para um drama.

De repente, o resumo de tudo, chega a ser invicto a forma de perceber que o interior está tão desabitado e vazio que causa um vácuo sem fim, duramente sentindo o sofrimento incolor de que a felicidade não há. A porta principal dos desejos se abre, e então quando ela percebe o êxtase está elevado.

Ele está sobre ela, beijando seu pescoço, sussurrando no seu ouvido, aumentando cada vez mais o clímax do momento, ela tinha a certeza de que melhor do que ninguém ele sabia como fazer. Leves gemidos ressoam no ar como um represo soneto que se mistura com o suave timbre do som. Existia-se intensamente duas presenças, só uma mente presente, e o crepúsculo se formava.

"O que estou fazendo? Eu não preciso disso!" pensa a moça. O reflexo do seu ato começa a passar pelos seus conceitos de confiança. Emerge de sua alma o arrependimento equívoco invicto, intocável, era isso, intocável arrependimento que não se manifestaria, além de seus sentimentos.

Ele a pressiona abaixo, empurrando e relevando as pernas a canto, tudo estava pronto, na hora ideal, ela sente um calor se aproximando de seus órgãos baixos, a certeza estava presente, tudo ia acontecer de novo, ela relaxa. Lentamente o contendo do homem inicia, ela se debate, o prazer é extremo, a penetração está constante, a luta na luz baixa do quarto que contrastava com a luz das chamas, era contra a covardia de não assumir, mas isso não era necessário, ela sabia que tinha tudo que uma mulher sonhava.

O marido perfeito, bonito, trabalhador, bom caráter, a trata como uma princesa tem um filho de sete anos de idade, bem educado, ama a família e ela sabia que amava muito seu marido. A escritura do dominio de uma aventura trágica revela uma exaustão extrema, aquilo tinha que acabar! Seu lugar era fiel ao lado do homem que ela realmente amava e não alguém que a levava a ter orgasmos múltiplos. Nesse momento é a primeira contração e um prolongado orgasmo vem á tona, da parte dos dois.

O perfume exalava o cheiro forte da ejaculação, que pairava como uma tática de descanso, uma hora havia passado como ela já imaginava, das outras vezes, foi mais um sexo carnal e maravilhoso, mas a emboscada já estava formada, ela tinha que dar um fim naquilo, desde já! Ela levanta, veste seu deslumbrante vestido púrpura, calça seu escarpã. Vão até o balcão do motel, apanha uma pequena faca de cozinha, desatada e descontrolada, ela se atira sobre o homem ainda deitado, alucinado. Desnorteada, ela o atinge com múltiplas facadas, tendo a certeza que a vida teria um fim.

Ela sai do quarto, desce até o estacionamento, entra no carro e dirige até a escola de seu filho, pois a aula já havia acabado. Ela sabia que a confiança que seu marido tinha nela havia sido cruelmente corrompida, mas ela tinha certeza que tudo não passou de um transvio e nada acontecerá de novo, na porta da escola, ela encontra o homem amado com seu filho, ingenuamente ela se aproxima, com uma lágrima marcada em seu rosto, e renúncia ao passado, beijando-o brandamente!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Histérica dimensão


Era uma noite de inverno, a brisa leve invadia os cantos da casa, enquanto o fogo da lareira se estremecia, causava uma luminosidade leve que contrastava com o tapete preto acinzentado, as cortinas de voal branca ganhavam um toque especial com as gotículas de sangue que simpaticamente escorriam, deixando um rastro cruel.

O moço, um rapaz de aproximadamente 19 anos, boa aparência, boa situação financeira, amigos fiéis e um relacionamento estável, tudo que alguém categoricamente sempre quis, mas na verdade ele não era completo, um grande vazio amedrontava sua alma.

A simplicidade como tudo havia acontecido era tanta, que chegava a ser inacreditável o fato de tal importância ter se realizado. Mas na verdade era só uma experiência a mais, não constrangia nada nem ninguém lá presente.

Ao centro apenas o ser, vítima do ódio, ninguém entendia o que era aquilo, que enfim não devia estar lá, as marcas da heroína presente em seu corpo era visível e ele tinha uma expressão de medo naquele rosto frio e sem sangue.

Em um momento tudo se retorcia e a realidade não era mais a mesma, aquilo tudo tinha desaparecido e uma nova dimensão tinha se formado.



Era uma alegre tarde de primavera, as flores amarelas dos ipês se expandiam pelo vasto gramado verde-limão, com pequenas brotoejas que se expeliam para fora, a melodia dos pássaros coloridos celebrando o sol forte que batia nas costas ardentes do rapaz criava um clima de tranqüilidade e uma suposição de bem estar.

A calçada era amarela, as paredes verdes, e a casa era simples, detalhada com uma arquitetura clássica, ao mesmo tempo moderna, aqueles pingos de verde-limão nas cortinas esculpiam listras que ao longe se notava a lucidez que aquilo causava á sala. A lareira amarela tinha chamas verdes, que bradavam o ar com um leve cheiro de corante caramelo.

Em meio aquele gramado florescente estava o ser, amarelo, manchado com o verde incessante que saia de seus cortes, mas era uma sensação de satisfação, pois quilo não era o fim e tudo ainda ia dar certo, mas parecia ao mesmo tempo obsceno pelo fato de estar nu, mas tudo era normal e simples, para aquele garoto amarelado, tão simpático e bonito.


Ele acordou, se levantou da possa de lágrimas que acumulava ao chão, subiu na cadeira em meio á cozinha, enrolou a cortina branca no seu pescoço, e se atirou, agonizou por pouco tempo. Seus olhos brancos eram cadavéricos, e ele tinha a certeza que a longa viagem falsa da vida havia acabado e o inferno seria seu fim, aquilo o acalmava e ele sabia que o que ele tinha feito tinha sido o correto!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Ao lixo


Eu não sei pra que escrever, ou o que escrever, direciono esse post então ao: lixo!
Ao lixo da incapacidade do homem de reconhecer fatos e evidências, como o ser humano por atitudes e fatos se direciona direta e condicionalmente como UM LIXO!

As vezes o raciocínio deve deixar a certeza da morte dolosa pra traz, mesmo que a mente já está cansada de tanto soul, de tanta pseudo-inteligência que tem como obrigação fixar na cabeça de alguém, o descanso é necessário, tão fugaz e inferior ao auto estima que levanta a própria vida a ativa.

Hoje enquanto esperava a chamada pra minha consulta, aquela sala de espera meio florescente, com aqueles neons e quadros abstratos espalhados por toda parede verde e amarela. Que causava um contraste com o chão acinzentado e fluído, marcado com pegadas e barro por todo o lado, eu já tinha ouvido meu repertório de musicas no celular umas três vezes, eu não suportava mais aquele atraso só pra uma avaliação fisioterápica, peguei uma pilha de revista, e quando eu digo uma pilha é uma pilha mesmo, pra vê se as pessoas se tocavam a agilizar aquela lentidão!

Um fato me chama a atenção naquelas revistas, o rosto simétrico, os corpos top, as expressões marcantes, aquela beleza invejável dos modelos que aparecem nas campanhas publicitárias, ééé... hoje em dia a inteligência e fatos a respeito forãm deixados para traz e quem tem beleza, tem TUDO! Isso me da raiva, como pode essa sociedade com o tempo em vez de progredir, regressa cada vez mais e mais e a hipocrisia toma conta do cruel roteiro da vida.

Mas voltando a parte do lixo, o lixo de um homem pode ser o tesouro de outro, como pode alguém apostar todos os sonhos e serem despedaçados e desintegrados, e as expectativas todas apostada em algo que fielmente toma um rumo ao fim. Pessoas acreditam que a vida é festa, sexo e mais sexo, bebida e o desterro de um relacionamento duradouro que vá para o ralo enquanto a hipérbole de outros com um casamento estável, uma situação financeira boa, filhos e o emprego dos sonhos, ou seja, sem perceber, o lixo de um é o tesouro do outro.

Acredito que um dia tudo mude, que as pessoas valorizem mais o caráter humano e não desrespeitem tanto a tamanha infidelidade que nos causa, então, só direciono isso ao lixo, o lixo do homem!

sábado, 9 de agosto de 2008

O suicídio de Adalgisa


Adalgisa acorda com uma sublime paz interior, apesar de tomar a consciência de como o "seu" mundo estava desmoronando dia a dia, sem pausas. Ela se senta á mesa para comer sua tigela de cereais com frutas, apesar de tudo ela sempre teve uma alimentação saudável, não era por nada que seu corpo era invejável e escultural.
Ela observava atentamente o contraste do sol que invadia os cantos de sua cozinha, e atingia a calórica embalagem de empanados sob a pia, ela notou como a noite havia intensamente tomado conta dela e que aquela vida deveria acabar.

Adalgisa era privilegiada com um cabelo louro, brilhante, que lembrava ramos de camomila afáveis intocáveis. Morena esfogueada, blândula, a mulher que qualquer um adoraria passar uma noite após um jantar, ela tinha assuntos interessantes para conversar. Mas na triste realidade Adalgisa não costumava passar as noites no seu confortável aconchego entre quatro paredes.

Adalgisa era prostituta. As noites frias e melancólicas, a persignarem sua integridade, no inicio parecia o paraíso isolado da Terra, nada melhor do que ter orgasmos e fazer um homem feliz e ganhar pra isso. Seus serviços sempre foram ótimos, ela tinha privilégio de escolher o cliente, geralmente eram de alta sociedade, ela acentuava-se sobre uma mulher realmente batalhadora para conseguir a vida, digamos que não de uma forma tão digna. Mas no fim aquilo se tornara ríspido, inútil, incomodativo e encasual. Ela queria dar um fim naquilo.

Certo dia ela vai em busca de um emprego, não possuía segundo grau completo, nenhum curso superior, nenhuma experiência profissional, a realidade caia em si. Adalgisa conheceu Gilda em uma noite de trabalho, Gilda era uma mulher irresistível, sua pele clara criava um contraste singelo em seus olhos esverdeados, o cabelo castanho macio parecia fios de seda árabe, da melhor qualidade, ela tinha essa profissão refugiada da família, ela era mãe de um garotos de 5 anos, que vivia com o pai, marido que não fazia idéia que as noites de sua esposa não se passavam num centro cirúrgico de plantão.

Gilda era a única amiga presente na vida de Adalgisa, que sempre fora solitária e era uma mulher vencedora, pois sem pais, ela havia sofrido um atentado de assassinato aos 12 anos de sua irmã mais velha Adaljosa. Foi á Gilda que ela recorreu, e então ela notou que o sentimento que ela carregava por Gilda era maior que uma singela amizade e aquele novo sentimento descoberto não poderia ficar guardado em um coração cheio de ódio e desprezo ao mundo, algum sentimento bom deveria sair de lá.

Gilda chega no edifício dela e sobe até o décimo segundo andar, entra, pois a porta estava aberta, ela encontra Adalgisa na janela, em pé, trêmula, seu rosto estava inchado da freqüência do sono insano não largava a incondicional depressiva mulher que estava prestes a suicidar-se, ela sabia que o sentimento pela sua amiga era impossível e aspirado de cogitação, sua vida era um lixo, ela não tinha amigos e nunca seria alguém na vida, ela havia escrito uma carta para Gilda que estava em cima da mesa de centro da sala, ela apenas sussurra que a ama, dá um passo para frente.

Seus árduos cabelos loiros se elevam ao vento e seus braços pressionam-se para cima, ela sente seu corpo entrar cm contato com o asfalto ápero, a matiz de sua vida estava prestes a acabar, ela cai de peito ao solo, ela sente seu coração palpitar rapidamente, e seus órgãos se esmagam e uma hemorragia interna começa, ela sente o sangue subir pela garganta e aquele gosto de ferro se expelir de sua boca, ela agonizou por uns dez minutos e então aquele era o fim, da estilhaçada vida de Adalgisa que ficara pra traz!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O soneto do futuro


A única coisa que eu sei é que hoje é quarta e amanhã é quinta e depois de amanha sexta e depois sábado e domingo, quando me dar conta já é quarta feira de novo, e esse tempo voa e a vida passa.

Quando as luzes se apagam a noite, que vou para a cama, eu sinto uma segurança, quem não acha a telúrica noite em baixo das cobertas relacionada ao pensar e refletir sobre a vida até o tão necessário sono chegar e nos adormecer. Pensando e pensando, ontem eu tive um sonho muito estranho, eu sonhei que eu acordava e me deparava com outro planeta, os mesmos amigos, os mesmos pais, as mesmas coisas, mas na verdade tudo era verde e cinza, o que criava um contraste triste a abominável, ao longe eu reparava nos anéis de Saturno, o frio era exaustivo, eu entrava correndo em casa e chamava minha mãe e ela dizia que eu tinha acordado de anos que estava em repouso, não havia barulho nenhum, apenas as vozes que se referiam a mim, os recalques sublimes dos detalhes da minha aparência parecia mais jovem, aproximadamente eu tinha rejuvenescido uns cinco anos, sonhos não tem fim e então eu acordei, simplesmente é disso que eu lembro, me lembrei agora pouco quando ouvi a palavra Saturno numa musica da Rita Lee.

A melancolia do dia a dia se transforma pouco a pouco em direções que se misturam com os caminhos que devo escolher para o futuro, quem sabe eu me preocupe demais, agora eu comecei a me questionar sobre a vida, se o corpo humano é uma obra tão estável a superfície terrestre o seus órgão tão perfeitos para nos manter com uma exaustão de até cento e poucos anos (salve a Dercy), como sabemos que o que vivemos e presenciamos é verdade ou quem sabe que nós existimos. Questões de deixar qualquer um louco. Até hoje ninguém provou nada sobre o grande mistério envolvente da vida, me preocupa em ter a certeza que vou morrer sem tirar satisfação das minhas dúvidas.

Mas enfim, onde eu queria chegar é no fato do futuro, tão vasto, sutil e consistente ao fracasso ou ao sucesso, o drama e o sofrimento de vidas inexatas, a que o fim é lógico e afugentado dos planos: a morte. Eu tenho medo, muito medo da velhice, do sádico futuro, das relações que vou estabelecer numa vida só minha, na múltipla idéia que não terei auxilio para decisões ou a farta definição do que sempre me disseram na adolescência, no rumo que tudo vai tomar, eu tenho medo, medo do futuro.
Mas quem sabe até eu completar minha liberdade total a sociedade entra em silêncio e os comovidos olhares que me atingem sumam, e a evolução comece.
Quem sabe a paz reine e o entreposto da inteligência, a beleza e o status também deixem só história.

Se observarmos já evoluímos muito de décadas pra cá, quem sabe o sereno tempo que voa intensamente por cima de nós prossiga a prosperidade do futuro. Proponho que suavemente podemos redimir e não reprimir mais as pessoas e então nos redimir amorosamente ao encontro com um futuro formidável e colorido, não verde cinzento como no meu sonho, e então a semblante melodia da paz reine.

domingo, 3 de agosto de 2008

Estética


Antes de vir aqui postar, eu estava assistindo NipTuck, é uma série dramatizada americana onde aborda os temas da cirurgia plástica, de dois esteticistas bem sucedidos com uma clínica de sucesso em Miami, apresentando o lado obscuro e incesto da beleza notável de pacientes com o rosto desejado.

Isso me deixou com um fato na cabeça. Eu realmente adoro assistir a isso, mas até quanto vale a mutilação e modificação do próprio corpo em uma mesa de cirurgia para se tornaram ser de ótima aparência física? Pretendo eu seguir o ramo da cirurgia plástica, mas enfim, muitos justificam o caso como um aterro psicológico, em que em busca da forma perfeita estará em bem com si próprio e quem sabe até impedirá uma forte depressão. No episódio de hoje retratava a consulta de uma mulher hiper mega master gorda, maníaca-depressiva que queria dezenas de cirurgias em busca da beleza de modelos top. A cirurgia não foi feita por fins práticos á mulher acabou se suicidando.

Isso está presente fora dos estúdios da Warner, bem mais perto do que a gente imagina, eu posso dizer, que por uma lado sou feliz com mim mesmo, com meu corpo, minha aparência, mesmo não sento um ícone de beleza, não nego que gostaria de ter a aparência perfeita, quem não quer? Aaaaih, às vezes da raiva, beleza na sociedade de hoje em dia é tão importante e levada em consideração que os fatos não indicam mais com aquele velho ditado que o que o que importa é o caráter, pois não é mais, não adianta, por mais que alguém discorde intensamente sobre isso, enfim é isso e pronto, até empregos são negados para isso. E querendo ou não, cirurgia plástica bem feita e com um ótimo pós-operatório ,não influi nem um pouco na saúde do paciente. Então eu penso, eu quero, eu quero, eu quero uma cirurgia plástica, reparar meus erros e ir a busca da perfeição.

Agora eu olho aqueles artistas famosos com uma idade super considerável com rostos lindos aparentando metade da idade que tem, então damos um viva a cirurgia plástica, aih eu a admiro. Você olha aquela mulher com o rosto simetricamente igual e notavelmente perfeito, o corpo com curvas intensas, pele macia, cabelo sedoso, lábios carnudos e bem desenhados, abdômen invejável, seios e bunda volumosas, então vem a revelação, dezenas de cirurgias foram feita para conseguir o efeito, e cadê a naturalidade? Na hora do sexo, farei sexo com um corpo necessariamente 50% cirúrgico? Sem contar transexuais que passaram por uma cirurgia de redesignação sexual e tem até uma vagina cirúrgica, foram em busca do que quiseram e conseguiram, podem ser feliz com o que são hoje e ponto.
E então um VIVA para a medicina!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Imagine!


Sabe aquela musica "imagine", que se tornou o hino de paz da década de 70? Do Jhon Lennon, integrante dos Beatles, um ícone do século XX. É eu estava escutando ela e resolvi escrever sobre, pois me envolvi nas palavras da musica e simplesmente comecei a imaginar e imaginar. Então eu imaginei como se não existisse aquelas teorias conspiratórias ou além a fim de explicar a existência de algo, mais diretamente me refiro aquelas teorias criacionista, enfim, o mundo surgiu de Deus ou da ciência, e imaginei que acima de nós (considerando fatos da fé) não existisse o paraíso onde viveríamos eternamente felizes e nem o inferno, apenas o céu, o simpático céu, encontrando-se com forças superiores.

Então imaginei que as pessoas começassem a viver o dia de hoje sem e preocupar com o de amanhã, sem precisar trabalhar ou estudar compulsivamente pra garantir um futuro (eu sei, e tenho os pés no chão que algo assim não é possível sem alcançar a estabilidade... mas nada passa de imaginação), vivendo e aproveitando cada momento, cada sorriso, cada instante que se passa com alguém especial ou alguém que amamos.

Imaginei um mundo "aberto", apenas um oceanos e terras interligadas, um local só, sem divisão de países, culturas e idiomas, sem razão pra matar ou para instigar o preconceito na pele de qualquer pessoa seja ela de cor diferente, opção sexual ou status social. Não existisse o dinheiro, apenas a felicidade, o bem estar de todos, a saúde presente na vida da população e a PAZ!

Imaginei a vida das pessoas sem solidão, com muita amizade no coração de cada, sem sofrer por amor ou sofrer por amizade. Apenas os sentimentos de um destino simples: viver perfeitamente feliz e ameno com todos. Não haveria mais raiva ou ambição pela qual traz tanta desgraça. Sem a ambigüidade de qualquer palavra ser relacionada ao bem para si. Incerta imaginação a minha.

Quando chega o fim da música e a imaginação vai se reduzindo e caindo na realidade.
"Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único "
Voltando a esse mundo carrasco em que vivemos, um mundo triste, um mundo sem esperança, cheio de desigualdade em todos os sentidos. Mas eu acho que cada um tem que fazer sua parte e em pedaços da vida vai construindo uma carreira digna e ética inteiramente parcial com as pessoas, tudo começa acabando com o ódio e o preconceito, quando o limite da raiva for atingido, é só sentar, descansar, refletir e tudo volta ao norma, não andar na rua e olhar torto pra uma pessoa por ela não ser como você.
E eu torno a parte do imagine, até lá, nos basta imaginar e imaginar, o mundo PERFEITO!