segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Natureza Humana


Lá fora chovia demasiado, a brisa adentrava pela janela. O analgésico frescor de primavera tomava conta, das humildes paredes salmão, cuja se negavam a refletir os trovões que aquela tempestade grotesca gritava. Esse sim pudera ser o cenário perfeito para o que estava prestes a acontecer.

O nervosismo me causava náuseas, que escorriam pela minha garganta, eu podia relacionar com algum ácido que acelerava uniformemente as batidas do meu coração, tudo era tão confuso. Aquilo era de fato inédito. Mas era válido a encarar o que eu deserdaria, eu nem mesmo era inocente. Eu me despedia da tal virgindade.

Mas essa primeira vez fugia discretamente do padrão. Nenhum amor isolado, apenas um amor, e sexo, amor e sexo. O que importaria o padrão, a felicidade se fazia presente entre o calor insolúvel que cada vez aumentava mais e mais.

O soneto da chuva acariciando o telhado causava ainda mais um clima amplo de emoção no ar, os flautins inubriviavam o êxtase.
Lá estávamos nós, parti-me então para o amor, em todas as direções. Eu o beijava, debruçado nos lençóis com cheiro de erva doce de algodão, a baixa claridade que invadia a cena pela vasculante o fazia ultrapassar a perfeição, aqueles olhos cor de mel me encaravam com o desejo estampado, eu só queria o prazer. Seus cabelos loiros e macios reluziam, tudo era tão ofuscante a mim, coisas da minha cabeça.

Nossas pernas se entrelaçavam em um breve e sublime recalque de paixão, seus lábios macios me esfoqueteava, suas mãos me confortavam firme, estávamos nus, puras ereções. Ambas as respirações estavam ofegantes querendo mais e mais, quando por fim, tudo entrava em ação. Eu sentia a penetração rígida adentrar em mim, a sensação era do meu corpo transgredindo e rasgando ao mesmo tempo, até que o nervosismo ia passando, quando o prazer agudo se unia ao mais puro desejo de amar intensamente. Combinado com os beijos doces e molhados.

Do modo com que a freqüência aumentava e os gemidos ecoavam pelo quarto, a chuva já apascentava, em uma fração de segundos dois orgasmos resplandeceram ao espetáculo da paixão. Adormecemos, a satisfação trouxe uma paz interior, o amor exaustivo apenas irradiava pela aquela noite submersa em confissões patéticas de paixão, mas tudo tão poético.

Mas aquilo, bastava, para entorpecer-me de desastre, o desastre que o amor finalmente causava em minha vida.